quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Entrevista: Gustavo Ferro (Pintor)

(Sem título da série Corpos Anômalos)

Por Marci Kühn

Quais são as suas referencias artísticas, o que te inspira?

Quando fiz esta série de pinturas estava vendo muitos desenhos de Gustav klint e Egon Schiele. Muitas vezes coisas esdrúxulas me inspiram, mas não o tempo todo.

Vc tem um estilo próprio, misturando várias técnicas, como surgiu esse estilo? Você acha que ele já está maturado?

No caso das pinturas que serão expostas no Ego Tripping, as imagens são resultado do primeiro contato com a têmpera ovo magra, tinta feita com pigmento em pó, uma porcentagem de água para uma porcentagem de gema de ovo. Aplico esta tinta com pincéis finos ou bico de pena, que é uma ferramenta que me acompanha a algum tempo. Sempre uso bico de pena e extrato de nogueira para fazer desenhos, a característica da linha com este material é meio especifica. Creio que ainda haja muito pano pra manga para eu achar minhas pinturas num estado maturado.


Como vc começou a pintar? Qual a sua formação?

Eu sempre gostei muito de desenhar, muito mais do que pintar, minha pintura é desdobramento do desenho. Aos doze ou treze anos entrei num curso de desenho, foi onde experimentei pela primeira vez pintar em tela com tinta óleo e acrílica, lembro que duas delas eram releituras de pinturas de Clive Barker. Atualmente estudo Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes em São Paulo.

O que você acha de repercussão, mercado e exposição dos novos artistas brasileiros?

Vejo muitas iniciativas independentes de novos artistas em relação ao como e onde mostrar seus trabalhos. Tenho visto bastante exposições em casas, apartamentos, atelieres e é claro na rua. E creio que são nestes espaços onde mais encontramos pessoas interessadas e interessantes. Eu faço parte de um coletivo chamado Beco da Arte composto por artistas plásticos, semestralmente organizamos exposições com o principal intuito de divulgar novos artistas e discutir arte contemporânea.

O que você acha sobre o arte no Brasil?
A arte contemporânea brasileira tem reconhecimento mundial. E as melhores pinturas que vejo por aí estão nos muros, principalmente na cidade de São Paulo.

Quais são seus planos para o futuro com relação a sua carreira?

Pretendo continuar produzindo eventos através do coletivo Beco da Arte. Sempre que possível me inscrevo em salões e concursos de artes visuais e pretendo daqui a alguns anos poder viver do meu oficio de artista.

sábado, 15 de agosto de 2009

Entrevista: Homiepie (Banda)


Por Lucas de Almeida

Nerd? Indie? Twee? Seja o que for, o Homiepie é certamente divertido, seja de escutar, ver ao vivo ou conversar. Mas a diversão é só o começo, já que por trás dela se escondem músicas trabalhadas e com uma estética inovadora que junta elementos diversos da música independente contemporânea. Conversamos um pouco com Flávio Seixlack (voz, guitarra, teclado) sobre as origens da banda e de seus sons.

Conte-nos um pouco sobre a origem da banda e também de onde veio aidéia para o nome.
A ideia para a banda surgiu muitos anos atrás. Eu sempre queria fazer músicas com o Denem, mas a gente sempre enrolava. Eu criava coisas no violão, mas esquecia. Então no meio do ano passado decidi comprar um controlador de midi e um microfone, para me obrigar a criar as músicas e já gravá-las. Foi o que fizemos. Gravamos tudo e o nome da banda e todo o resto veio depois. Queríamos um nome que tivesse alguma ligação com o hip hop (gênero que apreciamos muito) e esbarramos com a palavra "homiepie" pela internet. Além de significar um afro-americano que tem cheiro de torta (?) é também um jeito carinhoso de chamar aquele amigo do bairro que cresceu com você.

Como que é o processo de criação das músicas? Qual é a ética de trabalho da banda?
Eu tenho dificuldade em compor com outras pessoas, infelizmente. É uma coisa que quero mudar, porque eu costumo fazer quase tudo sozinho. Foi assim nos dois EPs. Fazia o corpo da música e a letra. E depois o Denem me ajudava a finalizar a música, com ideias de guitarras e outras coisas, e às vezes com letras. O que eu crio nos teclados depois eu passo pra Bruna, que fica treinando por um tempo até nos juntarmos depois em um estúdio para tocar as músicas. É um pouco bizarro como funcionamos, se você parar pra pensar. Normalmente as bandas ensaiam e vão criando as músicas, mas nós criamos as músicas, gravamos e depois vamos nos reunir os três para ensaiá-las.

Existe alguma preocupação estética pré-definida, ou a estética final éum produto natural do processo de criação?
Não. Nunca nos preocupamos com algum tipo de estética pré-definida e nem tentamos nos limitar dessa forma. A gente deixa fluir, sempre compondo livremente, sem pensar muito. O resultado final é, sem dúvida, um produto natural do processo todo. Mas isso não quer dizer que não nos preocupamos com a estética final. Nos preocupamos sim, e muito.
Para vocês, qual é a relação que a música tem com a arte e vice-versa?
Acho que a relação é muito forte, e muitas vezes não consigo imaginar uma coisa existindo sem a outra. A música fortalece a arte e vice-versa. Gostamos de fazer a capa de nossos EPs, pôsteres, cartazes de show e por aí vai. Sempre que possível estamos envolvidos nesse processo, preocupados para que, esteticamente falando, tudo esteja de acordo com o som do Homiepie.
Além de fazer música, o que vocês fazem para se divertir? Qual é orolê que unifica todos da banda, se é que existe um só?
A gente gosta muito de sair pra comer, principalmente em restaurantes japoneses. Também gostamos de ficar em casa falando besteira, vendo programas toscos na TV ou fazendo maratonas de Mario Kart ou qualquer outro jogo. Não somos baladeiros, então sempre preferimos algo mais sossegado, na casa de alguém.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Entrevista: Sandra Pio (Pintora)

(Virginia - Sandra Pio)


Por Marci Kühn

Esta semana estamos fazendo seguidinhas de entrevistas e matérias com os nossos queridos participantes da nossa expo/balada. Essa vez falamos com Sandra Pio. Seu trabalho é de uma sensibilidade e força imensa. Sim, ela consegue mesclá-los muito bem. Ela conta para o Ego Tripping sua história, sua visão artística e suas preferências.

Iniciando seus estudos ao entrar num curso de formação de professores, Sandra teve acesso a temas ligados a filosofia e sociologia. "Nesta época estruturei a visão de mundo que expresso em meus trabalhos.", diz Pio. Estou então por um tempo Artes Visuais na Belas Artes e foi aí que estabeleceu um contato mais profundo com o que ela chama de grandes mestres da pintura clássica e moderna, "compreendi melhor a produção artística contemporânea"

Em 2008 se formou em design gráfico pela escola Carlos de Campos e pretende no ano que vem concluir seu curso de Artes visuais.

Pio diz que começou a pintar ao rabiscar papéis em busca de expressão, "Conforme fui explorando o meu traço, senti necessidade de experimentar cores e materiais diferentes. Nos traços e nas cores encontrei ferramentas e sensações particulares, formas de descrever meu olhar diante do mundo."

Sandra diz que sempre teve muita vontade de se expressar, transcrever o mundo exterior partindo do mundo que existe dentro de si. "Comecei desenhando com caneta, depois fui explorando outros materiais, nanquim, canetões, tinta de parede, tinta acrílica, desenhos com grampos, giz, ferramentas digitais. Enfim, sempre busquei a expressão através de técnicas, movimentos, pinceladas.".

Nâo pense que ela para por ai, Sandra se acha muito curiosa e acha que tem muito a aprender em seu trabalho, aprender com o mundo para acrescentar em sua arte. "Penso que estou em um eterno processo de construção", diz Sandra.
Mas suas influencias mais importantes são filmes, quadros expressionistas e surrealistas, literatura marginal, além da linguagem dos quadrinhos, algo que está presente em seus trabalhos.

Falando se repercussão, de mercado e a arte brasileira, Sandra diz que historicamente o Brasil é marcado por uma expressão artística de repercussão internacional, desde a literatura do séc. XIX até o grafite de hoje, no entanto, o incentivo às artes nunca acompanhou o ritmo de sua produção. "Atualmente vemos surgir inúmeras bolsas de fomento a criação e exposição de artes – tanto públicas quanto privadas - que facilitam o ingresso dos novos artistas no mercado. Além disso, há vários sites de relacionamento favorecendo o intercâmbio de experiências e contribuindo para a diversidade de olhares.", diz Sandra.

Quanto ao design aqui na terrinha ela diz que a produção é muito criativa e acha que o Brasil não fica atrás em relação ao design " o Brasil acompanha países que se destacam no setor devido à qualidade de nossos profissionais". Ela também acha que é um mercado crescente que necessita cada vez mais de profissionais qualificados.

Falamos também de planos futuros e o futuro de sua carreira como artista. Sandra acha que é importante estar sempre em contato com a arte e os artistas. "fazê-la é algo que me completa." Ela diz que atualmente está envolvida com trabalhos de arte na rua, duas histórias em quadrinhos e desenvolvendo projetos para participação em salões de Arte. "Pretendo continuar estudando e me aprimorando como artista."

Para saber mais confira:

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Entrevista: Ronaldo Honda (Fotografo)


(O demônio - Ronaldo Honda)

Seria ousadia não dizer que na arte da fotografia Ronaldo Honda é um gênio. As luzes, o momento, a meticulosidade das técnicas, as idéias. Acho que posso dizer que ele ousa o clássico sem cair na contempoaneidade vazia. Existem artistas que se contentam com o que sabe, mas ele vai além em tudo que pode, ousa, aprende e nos entretem com suas fotos que são no mínimo lindas.
Este grande fotógrafo estará se apresentando no Ego Tripping no dia 15 de agosto no Espaço Impróprio, na rua Dona Antonia de Queiroz, 40.
Ele nos fez a gentileza de conceder uma entrevista e aqui vai.

Quais são as suas referencias artísticas, o que te inspira?
Artistas como Rembrandt, Jan van Eyck, Ansel Adams, Yasumasa Morimura, Cindy Sherman, Kazuo Ono, entre outros. Nos três últimos exemplos a forma da auto representação muito forte é exposta nas suas fotos e me inspirou muito para alguns projetos realizados ao longo desses últimos 4 anos.

Qual o seu objetivo ao fazer fotografias artísticas?
Quando penso em um projeto e me preparo para tirar as fotos, procuro transformar aquela imagem muito forte visualmente e interessante e que consiga de alguma forma mexer com o imaginário do observador.

Como foi a sua formação de fotógrafo?
Desde novo sempre gostei de ficar mexendo e brincando com uma câmera fotográfica reflex nas mãos, mas na parte da teoria não sabia muita coisa, e na hora de fazer o vestibular, surgiu uma grande oportunidade, após eu descobrir que havia apenas uma faculdade de fotografia, e que era considerada uma das melhores na America Latina. E ao passar dos anos, comecei a olhar de outra forma essa área da Arte, e aprendi muita coisa que não imaginava no inicio da faculdade ser tão necessário para se tornar um bom fotografo. A minha formação é Fotógrafo.


O que você acha de repercussão, mercado e exposição dos novos
artistas brasileiros?
Nos dias atuais a repercussão e exposição de novos artistas na área de fotografia esta crescendo muito, pois todo ano o aumento de concursos fotográficos faz com que novos artistas tenham mais oportunidades de se mostrar ao mundo e suas maravilhosas obras, e se no caso de conseguirem ser o primeiro colocado têm a oportunidade de fazer uma grande exposição que pode percorrer por diversas cidades e algumas vezes com oportunidades de se mostrar em outros países. Agora o mercado de trabalho na minha opinião, esta muito difícil, pois é muito mal aceito em algumas áreas pelos "companheiros" mais antigos na profissão, ou em muitos dos casos não recebem o verdadeiro crédito por seu trabalho.

O que você acha sobre a fotografia no Brasil?
A fotografia no Brasil, no inicio possuía uma divisão entre fotodocumental e foto artística, gerou muitas discussões durantes anos. A fotografia como documento opõe-se à idéia de fotografia como ramo das belas-artes. As intervenções no registro fotográfico por meio de técnicas pictóricas foram amplamente realizadas numa tentativa de adaptar o meio às concepções clássicas de arte, que ficou conhecido como fotopictorialismo. E após diversas mudanças durante os anos da existência da fotografia, essa divisão continua até os dias de hoje, porém com menos força, o fotojornalismo ainda é uma forma de documentação do acontecimentos diários, e também existem alguns artistas que preferem continuar as experimentações com técnicas mais antigas, mas ambos na minha opinião são considerados artistas, podemos encontrar em diversos museus e galeria de arte, os dois estilos de técnicas expostas.

Quais são seus planos para o futuro com relação a sua carreira?
Recentemente formado em fotografia, estou com alguns projetos com amigos de formar uma equipe de fotógrafos para eventos, e também estou em processo de experimentação com áreas um pouco desconhecido para mim, que é a fotografia de cinema, visando alguns cursos este ano. Mas o importante é continuar conseguindo contatos com pessoas do meio artístico e conseguir trabalhar dentro dessa área que me deixa muito feliz.


Se quiser mais um gostinho entre em:




quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Coluna Semanal: Listinhas Marcianas


por Marci Kühn


Depois de um hiato de uma semana, eis-me aqui novamente.
Quero começar dizendo que esta listinha da semana será sobre o afamado, o maligno, l'amour!
O tema desta semana se entitula "Os melhores romances".
Em primeiro lugar está o Auto de Fé do Canetti. É lógico que existe um amor alí, um amor quase devastador e não é com a moça da saia, mas de Kien com seus livros. Um caso tão poderoso que em um episodio ele se esconde em uma livraria para passar as noites com seus livros e até os leva para passear em uma pasta. Ele faz loucuras para salvá-los do fogo entre outras coisas.
Não dá para deixar de lado O Retrato de Dorian Gray de Wilde, um homem que se ama tanto que dispensa sua alma para se preservar lindo como um quadro. Isso que é se amar. Outro amor que me recordo é o de dona Bibiana e o Capitão Rodrigo. Em Santa fé, no livro de Erico Verissímo o Continete, um forasteiro com um jeito estranho para os moradores se apaixona por Bibiana. Acabam ficando juntos, mas a um preço que só uma mulher que ama muito aguentaria e mesmo depois de morto Bibiana vê em seu filho e neto a figura de seu tão amado capitão. Não posso esqueçer do amor de Maga e Oliveira em o Jogo da Amarelinha de Julio Cortazar. Ele a ama tanto que dá graças que o filho dela Rocamandour morre e podem ficar a sós, ama-a tanto que quando está de volta em seu país de origem vê seu rosto em todos os cantos. Ama-a tanto que a depreza. Amor, quem entende disso?
O protagostista de Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios de Marçal Aquino entende, pois aceita viver numa cidade horrível no norte do Brasil e aceita todas as fases de sua amada e até o fato de ser casada. Aceita ser espancado e também aceita que ela morra.
É isso pessoal, o amor é tragico, só que é mais trágico é viver sem ele.
Até a próxima semana!