quarta-feira, 18 de novembro de 2009


1. Quais são as suas referências artísticas e o que te inspira?


Creio que pra todo mundo envolvido no meio artístico, o mundo ao redor é inspiração e referência. Eu costumo observar bastante enquadramento, luz, pós-produção (cores e densidade), figurino/cenário/locação em filmes, o mesmo acontece em um rolê pela cidade, cenas do cotidiano. Costumo estimular as pessoas a fotografar, pois dá uma visão diferente do mundo, te faz olhar as coisas além da visão comum que estamos acostumados.

Tenho alguns nomes que me inspiram: caras contemporâneos da moda como Bob Wolfenson (www.bobwolfenson.com.br), Marcio Scavone (www.marcioscavone.com.br), Klaus Mitteldorf (www.klausmitteldorf.com), Daniel Klajmic (www.danielklajmic.com), Jacques Dequeker (www.jacquesdequeker.com) pra ficar nos brasileiros. Gosto também do estilo do Joey Lawrence (www.joeyl.com), um moleque de 20 anos que despontou no ramo, Jeremy Cowart (www.jeremycowart.com), Leonard Gren (www.leogren.com), Eugenio Recuenco (www.eugeniorecuenco.com), Gerard Rancinan (www.rancinan.com). Costumo estudar os ensaios de revistas de moda como Vogue, L'Officiel, FFWMag!. É muita referência hoje em dia, navego bastante pela internet e sempre tem trabalho que me chama a atenção. Amigos fotógrafos do dia-a-dia também certamente me inspiram.


2. Você tem um estilo próprio, como surgiu
este estilo? Você acha que já está maturado? Qual a razão do uso
de certas cores e texturas?


Não sei se eu poderia me enquadrar em um estilo determinado. Tem muita foto solta ou ensaio meu que tem uma atmosfera meio densa, cores dessaturadas, talvez atualmente eu tenda a esse estilo. O denso, eu acho que vem do meu gosto por fotografar à noite ou criar cenas mais escuras, com a luz dura dando forma ao elemento fotografado.

Há alguns anos atrás morei no Paraná e no Mato Grosso do Sul, essa foi a época em que comecei a fotografar paisagens e verter para este lado do denso/dessaturado. Mas gosto de experimentar, recentemente tenho feito algumas incursões com flaire, que é o efeito de luz invadindo o quadro, ganha-se luz e perde-se densidade na foto.

3. Como você começou a fotografar? Qual a sua formação?


Comecei a fotografar em 2004, emprestando câmeras compactas de amigos ou a câmera de filme de uma faculdade de design. Trabalhei com design para web de 98 a 2006, então tive dois anos de transição entre os dois. Fui formando o olhar com o que eu tinha à disposição: Internet, livros e revistas, o meio urbano ou rural. Academicamente fiz um ano de design gráfico e um ano e meio de fotografia. Quando resolvi mergulhar de vez na área, trabalhei em alguns estúdios de fotografia, ora fotografando gente, ora fotografando produtos. Trabalhei também com pós-produção de foto e hoje sigo dentro de moda, publicidade, retrato, gente, foto e pós-produção. E pessoalmente o urbano e, quando tenho oportunidade, paisagens também.

4. O que você acha de repercussão, mercado e exposição dos novos artistas brasileiros?

Tem muito artista brasileiro despontando tanto aqui quanto lá fora, principalmente pelo que considero serem dois grandes motivos; maior acessibilidade à fotografia com a exploração mercadológica do digital e mais acesso à informação com a Internet e redes sociais. Observando que, ao mesmo tempo, ambos fatores trouxeram mais picaretagem e má qualidade ao mercado da fotografia, se o cara trabalha com persistência e paixão pelo que faz, ganhar território é conseqüência. O picareta até consegue uma certa visibilidade, mas se o produto final não tem qualidade, logo é esquecido.


5. Quais são seus planos para o futuro com relação a sua carreira?


A curto prazo quero explorar o progresso de minha carreira na área em que fui criado; moda, publicidade e retratos. Gosto de fotografar gente. Tenho a intenção de, em alguns anos, ir para o exterior e experimentar outros mercados. Gosto de viajar, tenho vontade de conhecer lugares diferentes, desenvolver trabalhos pessoais em locais históricos ou paisagens distantes, conhecer diferentes culturas olho no olho. Me encontro feliz nessa linha que sigo, me sinto realizado trabalhando com gente e pretendo alcançar uma fase de ter essa liberdade de locomoção, fazer trabalhos em lugares distintos aqui e em outros países.

6. O que achou de expor no Ego Tripping? Como foi a recepção das obras?


Ego Tripping foi uma idéia muito bacana e acho que ainda há território para ser explorado em termos da experiência que é oferecida a quem vai curtir um som, conversar, ver obras de arte. A mescla do clima de balada com exposições aproxima mais as pessoas do meio artístico. A terceira exposição, da qual participei, foi bem bacana, o suporte estendido a mim me deixou satisfeito e todo mundo entrou com um trabalho muito bom, tanto no som quanto nas exposições. Penso que o Ego Tripping irá experimentar naturalmente um progresso interessante nas próximas edições.
Por Lucas Perito
Crédito da foto a Gabriel Araújo (www.flickr.com/gabrielbsa)
Para saber e conhecer mais deste artista entre em www.flickr.com/photos/leocavallini

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Coluna Semanal: Listinhas Marcianas



Sem cuprir a promessa do título, aqui estou mais uma vez.
Esta semana a lista será sobre livros que tem passagens em jardins. Os jardins são verdes, belos, harmoniosos, secretos e dão uma sensação de felicidade, contentamento e calma. Deixando as paixões da alma de lado, vamos aos colocados.
Cito em primeiro lugar"as Ondas" de Woolf, o livro não é sobre jardins, tampouco sobre mar, mas exisre uma cena tão bela no começo do livro, em que os seis personagens brincam que dá água na boca.
Em segundíssimo lugar uma amiga da Virginia Woolf, a Katherine Mansfield com o intraduzível "Bliss" ou Felicidade. Na verdade é só um conto, mas intitula o livro, que aliás tem uma tradução bela do Erico Verissímo. A história é de uma festa em casa e passagens pelo jardim e outras no livro são festa de jardim e chapeus azuis e grandes, um livro adorável e uma contista importante para a literatura.
Terceiro No caminho de Swann, do afamado Marcel Proust não são jardins propriamente ditos, mas paisagens jardinescas e floridas dos dois lados. Se não leu está atrasado na leitura de um clássico supremo.
Quarto lugar fica o Jardim dos Fizzi Contini que teve uma adaptação no cinema pelo De Sica, que realmente vale a pena ver.
Em quinto e último lugar fico com o Desonra do J. M. Coetzee. Neste livro a filha do professor acusado de assédio sexual tem uma fazenda de flores. Não é um livro belo, ele é duro e dolorido e nos dá a sensação de perda no mundo.

Espero que leiam alguns dos livros acima, todos são muito bons.
Até a próxima.


Por Marci Kühn

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Entrevista: Matheus Machado (Pintor)




Fizemos um bate papo com o artista super querido na nossa festa, Matheus Machado, ou o Mats. Falamos sobre suas referências e descobrimos que ele gosta do natural a arte digital, e particularmente da arte naify e trabalho na rua, ele disse "trabalho bastante cores e formas, gosto de colocar meus trabalhos na rua, entao a rua e o que acontece nela, nao deixam de ser uma grandes referencias. A vida em si é uma referencia.".
O artistas que admira na arte são varios, ele gosta muito dos trabalhos dos gêmeos, herbert baglione, boleta, highraff, speto, t.freak,bruno 9li, beatriz milhazes, manabu mabe,volpi, matisse, dentre outros...uff, grande lista. Como provocação perguntamos sobre ódios artítiscos, e ele respondeu "Odios artisticos? Talvez esse clima de competiçao que as vezes sentimos por alguns escritores de graffiti, rotulos, nao acho isso legal, alias tem lugar pra todo mundo se expressar."
Quanto as suas idéias sobre o grafitti no Brasil, ele disse que anda em um ritmo muito bom, além do mais o graffiti esta em todos os lugares, e que tem crescido muito nesses últimos anos como movimento artistico, tanto em escritores quanto no nivel dos trabalhos. "Tem bastante gente boa no meio."
Ainda nos falou que o Brasil tem a street arte mais criativa do mundo. "talvez pelo fato de ser um país com muitas misturas de raças, aqui o pessoal se vira com o que tem, usamos muito bem o improviso como suporte, um bom exemplo disso é o uso do latex e do rolinho, em que outro lugar do mundo é usado isso? Aqui o pessoal se vira com o que tem, nao tem spray vai de rolinho, nao tem rolinho vai de pincel, nao tem pincel vai com o dedo mesmo."

Perguntei também sobre a origem da sua habilidade e como ela se deu, ele nos disse que sempre gostou de desenhar, desde de pequeno costumava rabiscar as paredes da sala de sua casa, na escola passava a maior parte do tempo desenhando "sou viciado em imagens, to sempre observando algo. Comecei com a pixação por volta de 2001/2002, mas queria algo mais, precisa passar algo mais pra parede. Entao em 2003 comecei a grafitar, nao tinha muita informação, entao foi meio que na raça mesmo, tive que aprender tecnicas e etc sozinho,mas com o tempo e atraves de muito estudo vem a evolução, e se faz com verdade fica mais facil." E hoje estuda artes plasticas, mas dentro do graffiti sua formação vem da rua mesmo. "la aprendi tudo que sei."
E as inspirações? "São varios os fatores que me inspiram, meu trabalho tem um movimento bem alegre, entao consequentemente o que mais me inspiram sao as coisas alegres, a humildade de um senhor sentado no banco da praça, o elogio da mulher que me ver pintar uma parede, o sorriso de uma criança. O fato de estar vivo ja é mais que inspirador."
Falando do futuro, ele disse que procura não criar expectativas e viver mais o presente. "gostaria muito de conseguir viver das minhas pinturas, seja la qual for a area, mas com muita cautela, valorizando e respeitando ao maximo o meu trabalho e nunca se esquecendo de onde ele veio."
Matheus não deixou de falar sobre a festa Ego Tripping e suas conclusões. "O conteudo da festa é perfeito, amo musica, precisamos da musica, a musica é o que nos move. Produzi quase tudo que fiz pra expo com os fones nos ouvidos. Sou fã de fotografia faz um bom tempo, é apaixonante essa arte de poder congelar o tempo e guarda-lo pra sempre, as vezes ate me arrisco, mas nada muito serio. E a literatura é o que nos faz viajar sem sair do lugar."

É isso aí gente, quem quiser ver melhor os trabalhos do garoto é só entrar em seu flickr:
http://www.flickr.com/photos/mundo_doce


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Podcast #2

Voltamos com o nosso podcast, dessa vez com convidados! Confira.

O episódio deste mês contém música de:

Dual Tape
Grizzly Bear
Pavement
Monaco Beach
Grouper
The Cigarettes
My Bloody Valentine



Clique no player abaixo para ouvir:

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Entrevista: Paulo Quirino (Pintor)

(Paulo Quirino - Confidências)


-O que te inspira? Quais são seus pintores favoritos?
Cenas surreais. Escritores como Breton e Cortázar me fizeram entender o surreal como maneira de "escapar" da tradição e do moralismo, e lendo Camus compreendi outras formas de enxergar o "mundo real". O que mais me inspira é perceber os acontecimentos que estão nessa transição, entre o real e o imaginário.Estes escritores acabaram me influenciando mais do que os pintores, mas sobre esses, foram três os que mais me marcaram: Klimt, Monet e Van Gogh. Atualmente acho que o pintor que mais me influencia é o Lasar Segall.
-De onde surgiu o seu estilo, como vc chegou a sua técnica e para onde você quer ir com ela?
Quando me interessei pela arte impressionista. Acredito que a técnica das pinceladas me serviu como base para a maioria dos desenhos que tenho feito. Minha idéia é tentar uma harmonia, uma unidade, algo que fale sempre pelo todo, de forma que na construção do desenho tudo tenha o mesmo valor.
-Qual a sua formação como pintor?
Sou formado em Relações Públicas mas desisti de seguir a profissão durante o curso, quando me interessei pelo design gráfico (eu também sempre tive o costume de desenhar). Comecei me dedicando ao desenho pelo computador e só depois de algum tempo tentei criar pintando. Mas ainda sim, tenho feito mais os digitais.
-Qual visão você tem da arte contemporânea, estamos numa era um tanto contra pintura de tela e o modo clássico da coisa, que você pensa?
Não atribuo tanto valor à arte para dizer quem está certo ou errado produzindo algo. Acho que é essencial conhecer a pessoa, o criador, antes de julgar a criação. Tomando por base a obra como "espelho" do criador, eu dou preferência à pessoa, e dessa maneira eu posso compreender a obra dela. De forma geral, vejo a produção artística atual com uma cara muito diluída e independente do criador. Percebo que tudo está muito mais ligado aos conceitos criados do que diretamente à pessoa, e as obras me parecem muito "defensivas". Eu creio que isso não demonstre, de fácil compreensão, a personalidade do artista, seus gestos, suas particularidades.
-Como nossa festa é multicultural, fala um pouco sobre seus outros gostos artisticos e dá uma dica pro pessoal.
Eu recomendo o festival Bourbon Street como a dica (esse ano já aconteceu no mês de agosto). Para mim, como para quem gosta da música instrumental (funk, swing, jazz, etc), creio que são dois finais de semana de muito bom som.
Para saber mais:
Para e também falar com o artista e ver e comprar suas obras não percam esse domingo, dia 25 de outubro, no Kabul, na Rua Pedro Taques, 124, perto do metro da consolação!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Linkszinhos: Ego Tripping


Agente tá famosoo!!
Aqui vão alguns lugares que anunciaram a próxima festa de domingo, dia 25 de outubro.
Além do mais podem também clicar na figura ao lado para ver o flyer de pertinho e não esqueçam de votar lá no Posterize!
Abraços a todos
Equipe Ego Tripping



terça-feira, 20 de outubro de 2009

Coluna Semanal: Playlist da Semana



É eu sei, eu sei, fiquei muito tempo sem aparecer com a playlist, mas essa semana aqui estou eu. Devido ao meu sumiço a playlist dessa semana é para musicas alegres, pois com certeza vocês estão sorrindo de orelha a orelha com a minha volta.
Então como hoje é terça-feira eu vou começar daqui, minha semana até agora está ótima então vamos começar com Echo and the Bunnymen a musica é Crocodiles, não tem muita explicação não, a música é quente e agitada ótima para entrar na rotina da nossa cruel labuta. Para a boa e velha quarta-feira ouçam The Clash, minha indicação, Spanish Bombs, isso para você lembrar que seu chefe não deve encher muito o seu saco, porque sempre podemos matá-lo, exagero? Talvez.
Hoje estou meio nostálgico, nada até agora dos anos 90 certo? Então aqui vai uma para a quinta-feira Starcrazy do lendário porém não muito aceito Suede, essa música se encontra no terceiro álbum dos caras o Coming Up, que na minha mera opinião está entre os 5 melhores álbuns dos anos 90. Se me perguntarem por que a escolhi a resposta é simples, quinta-feira nunca acontece nada, então nos resta a boa música. Já para a bendita e louvada sexta-feira onde você tem a oportunidade de conhecer um menino ou uma menininha é melhor esquentar o clima, sair de casa se sentindo a pessoa mais sexy do mundo, então para isso o melhor remédio se chama Afghan Whigs, John The Baptist na minha opinião, mas você pode se sentir sexy com outras.
Agora os anos 2000, assim fico bem eclético, recentemente saiu em um dos sites mais aclamados sobre música, a Pitchfork media, os 200 maiores discos dos anos 2000, tem coisa muito boa, mas tem coisa muito ruim, em um geral não concordo com a lista, mas ela é válida, tem muita coisa boa por lá, mas falta muito também, então para o sábado pegaremos um dos petardos dos anos 2000. Escolho o Yanke Hotel Foxtrot do Wilco, a música, Jesus Etc, eu sei vão me dizer que música não tem muito um clima de sábado, mas eu digo, é verdade não tem mesmo, mas como eu não vou sair de casa esse sábado Jesus Etc é uma ótima pedida.
Para o domingo uma banda meio esquecida na história da música, assim como se pudéssemos esqueceríamos o domingo, então para fechar a playlist da semana Swinger´s Party do Replacements, essa música se encontra no álbum Tin, uma das melhores bandas dos anos 80 e uma de suas melhores músicas. Despeço-me aqui tenham uma boa semana regada à boa música.
Por Mateus Perito

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Coluna Semanal: Listinhas Marcianas



Semanal é uma ova! Eu sei, a festa está dando tanto trabalho que não tive tempo de sentar o bumbum aqui e escrever, que bom!
Esta semana a listinha é sobre os livros mais gelados.
Começo pelo escritor aqui abaixo, o grande Kawabata, com o "País das Neves". Um homem que tem uma gueixa como amante, numa cidade afastada no Japão. E ele volta ao longo dos anos no inverno para vê-la cada vez mais mundializado e ela cristalizada na cultura japonesa, sem mudar muito. Um belo livro, mas aviso, se agasalhem.
Em segundo lugar não posso deixar de citar o Alexander Soljenítsin com o "Um Dia na vida de Ivan Denisovich", que foi um livro comentado em sua época, pois foi o primeiro a mostrar como era a vida na prisão russa na sibéria. Depois ele escreveu um livro mais extenso chamado "O arquipélago de Gulag". Não preciso dizer que este personagem, Ivan Denisovich, passa muito, muito, muito frio. Ele tem de andar de camiseta regata, andam devagar para trabalhar no campo, algumas vezes o molham com água gelada e assim vai. Dá frio sem parar! Esse é para ligar o aquecedor.
Terceiro lugar, A montanha Mágica do grande Thomas Mann. este livro não é tão frio quanto os anteriores, mas ainda sim dá um friozinho.
A história do Hans Castorp que vai visitar o primo num Sanatório na Suíça, que trata pacientes com tuberculose, ao longo de sua jornada no sanatório, ele se descobre doente também e se adapta a rotina do lugar, ao longo de sua doença ele vai se tornando cada vez mais doente e menos ele mesmo, o lugar o transforma. É um clássico que deve ser lido, com um bom cobertor ao lado.
Em quarto cito Neve do Orhan Pamuk, obviamente. Ka volta para sua terra natal, Kars, para escrever supostamente para o jornal uma matéria sobre as mulheres que não querem tirar o véu(existe uma lei que proíbe o uso de véu nas faculdades e escolas), mas a cidade fica incomunicável por causa da neve e uma tomada de poder acontece durante este período de três dias em que o livro se passa. Em meio ao frio e a neve e a precariedade, Ka vai investigar a si mesmo pelos outros. Este livro foi muito elogiado, e acho que se tornará um clássico da literatura, aliás o autor o será.
Em quinto e ultimo lugar, mas não menos importante, Enterro Celestial da Xinran.
A Xinran entrevistou uma mulher chinesa que passou trinta anos no Tibete procurando o marido que foi declarado como morto. Um amor tão grande que ela não aceita simplesmente a sua morte e se alista no exército e vai para o Tibete, dentro desta história a Xinran conta como viveram e vivem os tibetanos, quais os seus costumes, como é ser uma mulher neste lugar, que comida comem, como se vestem e se protejem do frio, além de contar uma bela história de amor. Uma coisa curiosa é que a mulher que a autor narra sumiu no dia seguinte da entrevista e a autor nunca mais soube dela, quem sabe voltou para seu pais, o Tibete.
É isso moçada. Bom restinho de semana e bom final de semana! té mais.
Por Marci Kühn

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Resenhinha: A Casa das Belas Adormecidas de Kawabata


Com uma sutileza extrema este autor trata do sexo. Quando você lê nem se apercebe desta informação importante, mas quando te perguntam sobre o que é o livro e então relutantemente tem que responder: sexo.
Dizem que o Chico Buarque tem a alma feminina pois narra em suas letras a mulher como ela é, o Kawabata é mais mulher do que eu. Ele capta a essência e o sabor da mulher, mas também a solidão do amor.
Esse livro é sobre um lugar em que as mulheres estão dormindo e os homens pagam para dormir com elas. E o protagonista, o Eguchi, começa a ter uma relação com a mulher. Uma relação unilateral, mas que de qualquer forma para o personagem é uma relação. Ele a observa e enquanto isso revê todas as suas experiencias anteriores. O que se pode chegar a conclusão de que esta é a sua melhor relação. Uma mulher dormindo e ele velho e cansado a olhando e a testando, imaginando mil vidas para ela.
Este livro deve ser lido por que se você não conseguiu entrar em nenhuma história, nesta certamente vai conseguir entrar. As descrições sensoriais são mais do que fantásticas e quando se menos espera estamos lá na casa das belas adormecidas, observando a moça e sentindo seus cheiros e tocando-a.
E se nunca leu um japonês, melhor começar pelo melhor.


Por Marci Kühn

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Linkszinhos: Ego Tripping


Atenção pessoas!
As fotos finalmente ficaram prontas e foram postadas, agora quem não foi pode ver o que aconteceu (pelo menos um pouquinho) na festa.
Aqui vai o link! CLIQUE AQUI!
Além do mais o pessoal da Zupi fez uma matéria sobre a festa, quem quiser ler tá AQUI!_
E também ficamos chiques, o querido Pow fez um video da festa e publicou no youtube, e sem querer puxar sardinha ficou BEEEMMM legal! Entrem!
Acho que é isso. abraços e comentem as coisinhas!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Podcast #1

Inauguramos nossa mais nova seção: o podcast de música do Ego Tripping! Toda semana agora vocês poderão ouvir Lucas e Mateus tocar uma seleção especial para fazer massagem no seu cérebro e falar muita, mas muita abobrinha! Sente-se, relaxe, e aproveite.

O primeiro episódio contém músicas de:

Dirty Projectors
Homiepie
Atlas Sound
Neon Indian
Animal Collective
ruído/mm
The Flaming Lips
Fantasmes
Bearhug
Wry
Jorge Ben

Clique no player abaixo para ouvir:


Ou clique aqui para fazer download

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Resenhinha: Antígona de Sófocles

Sófocles é um dramaturgo grego, viveu no século 7 a.C e ganhou alguns concursos de teatro em seu tempo. A Antígona faz parte de uma trilogia chamada Trilogia Tebana que fala sobre o mito de uma família que emputeceu uns Deuses e se ferraram durante suas vidas.
Antígona é a filha de Édipo de um casamento incestuoso com sua mãe (por acidente), note-se ue Édipo tamém matou seu pai (sem saber que era seu pai).
Antígona está brava porque Creonte, seu tio, mandou enterrar um de seus irmãos, o que ficou do seu lado pela permanecia no reino, e mandou jogar o outro irmão, o que lutou contra ele, fora da cidade, colocando uma lei de que se qualquer um tentasse enterrá-lo morreria a pedradas, algo que era uma das maiores ofensas que se poderia fazer àlguém na época. Ela procura sua irmã para descumprir a lei e enterrar seu irmão, pois faz parte da tradição enterrar os familiares e lavar seus corpos.
O livro todo versa sobre um grande paralelo jurídico e ético, o despotismo e a necessidade de leis que não dependam da boa vontade de um, outra discussão cabível no livro também é a importância entre os valores da polis ou o valor da família, o individuo e o colectivo, a vontade de um contra a vontade do (s) outro (s).
Antígona é noiva do filho de Creonte e acaba morrendo, pois foi presa em uma cela fora da cidade, e o filho de Creonte se suicida ao vê-la morta e presa. A mulher dele também, depois de receber a notícia se mata e Creonte se arrepende de seu despotismo descabido quando é tarde demais.
Por Marci Kühn

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entrevista: Jennifer Lo-Fi

Mais uma história de sucesso da internet, Jennifer Lo-Fi é uma grande mistura de personalidades e influências. Sem exatamente se confinar a um estilo, a banda ainda assim parece ter um fio comum: se divertir e, é claro, divertir o público. Conversamos um pouco com Caio (guitarra) sobre a banda, suas perticularidades e também a sua relação com o mundo da arte.
Caio nos contou um pouco sobre a origem da banda e do nome. A banda surgiu por causa do myspace, onde conheceu a Sabine (vocal) e o Miu (Felipe, guitarra) e juntou o pessoal para fazer um som e adoraram. "chamei a galera pra tentar fazer um som e rolou lindo!"
Já o nome da banda veio de uma brincadeira com o nome da cantora Jennifer Lopez. "Agente queria um nome que viesse de um trocadilho, e esse foi o que a gente mais gostou e achou"sonoro".", diz Caio.
E o processo de criação da banda é bem trabalhado, vai de "jams" até idéias prontas ou quase prontas, como diz Caio, que algum dos integrantes leva para o ensaio e todos acabem trabalhando na música. "Aí, depois que o instrumental ficou bacana, a Sabine coloca a vocalização e uma letra supimpa."
Quanto a ética de trabalho a banda acredita fazer um bom show para o público e saber valorizar suas qualidades. "valorizar o pouco que temos pois sabemos que são eles que vão nos ajudar daqui pra frente!" Quanto as outras bandas, a filosofia da banda é o respeito, amizade e admiração, Caio diz "procuramos sempre estar por perto pra que todos tirem proveito de alguma forma e aprender algo!"
Perguntamos também sobre a estética do som da banda. Ele nos falou que no começo a idéia foi fazer uma música mais acessível e calma, explorando "só o lado do lindo vocal da Sabine, mas por coincidência todos eram dementes e gostavam de coisas dementes e fomos começando a fazer a música que simplesmente nos dava prazer mesmo. Agora posso dizer que rola literalmente de tudo nas músicas.", disse Caio.
E qual é a relação que a música tem com a arte e vice-versa para os caras? Caio diz que para ele a relação que a música tem com a arte é bem simples: música É arte! "Música é expressão, música é ação, música é mudança! Arte também é isso, creio que é principalmente ação sem violência! Um soco no estômago, mas de dentro pra fora!"
E a banda para se divertir fora da música toma uma bela cerveja, como diz o guitarrista, e que como são amigos fora da banda também se juntam a todos os outros amigos e vão a muitas festas e não negam uma boa pizzada na casa do produtor da banda, o Mané!

Por Lucas de Almeida
e Marci Kühn

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Convite!!! 2ª Edição

A primeira festa foi demais e pediram bis!
Quem foi amou, agora o Ego Tripping vai fazer o repeteco para animar o tédio do domingo no Kabul das 6 a meia noite no dia 20 de setembro.
Para quem não sabe e é novidade o Ego Tripping é uma balada exposição com todas as artes, fotografia, pintura, colagem, videoarte, escultura, bandas e literatura de artistas novos e independentes.
Convidamos você para a nossa festa cultural. Repetindo, na Rua Pedro Taques, 124 no Kabul.
Abaixo o convite e os detalhes dos expositores desta edição!


*Estacionamento ao lado, aceitamos cartão de crédito e dinheiro.



segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Malu Sant'Anna por si mesma


Uma das atrações literárias e artísticas da festa do dia 20 de setembro será a nossa querida Malu Sant'Anna. Pedimos uma biografia para que possamos conhecê-la melhor. Aí está!

Gaúcha, capricorniana, nascida em 31 de dezembro de 1967, na Capital do Estado, 41 anos, artefinalista. Atualmente residindo em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.Casada, apaixonada, mãe de um adolescente de 15 anos e “mãedrasta” de dois, com 14 e 11 anos.Poetisa por teimosia.Por 17 anos fui repórter do Jornal O Progresso, jornal centenário do interior do estado, no qual comecei a publicar minhas poesias.Hoje publico em 3 blogs meus e em 3 outros comunitários, além de um blog profissional, onde publico as páginas da Revista Evidência, da qual também sou editora.

São eles
OS MEUS:



OS COMUNITÁRIOS:



Publicações: Antologia da Moderna Poesia Montenegrina (1986)
Isso aí pessoal é a Malu! Confiram no Kabul na Rua Pedro Taques, 124 (uma travessa da R. da Consolação)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Aulinha: Barroco

O Barroco Italiano A Arte barroca se desenvolveu no sec. XVII num período muito importante da história da civilização ocidental, pois nele ocorreram mudanças na Europa da idade moderna. Para entender melhor os acontecimentos desse século, é preciso buscar suas origens em fatos do século XVI, como a Reforma Protestante, que teve inicio na Alemanha a seguir expandindo-se. Embora tenha sido um movimento de caráter religioso, a reforma provocou alterações em outros setor da cultura européia, como favorecer o surgimento dos estados nacionais e dos estados absolutos, pois propunha que cada nação se libertasse da submissão ao Papa. No entanto, a igreja católica logo se organizou contra a reforma. Foram criados trabalhos assistenciais e ordens religiosas entre elas a companhia de Jesus. Assim a igreja católica retomou sua forma e novas e grandes igrejas foram edificadas.
A arte volta a ser vista como um meio de propagar o catolicismo e ampliar sua influência. Dentre as obras mais significativas está o “Juízo Final”(acima), que Michelangelo pintou na Capela Sistina e que, pela intensidade expressiva e vigor expressivo desta obra, fizeram dele um percussor de um estilo, conhecido como “Barroco”.

A Arte Barroca
- Originou-se na Itália, mas não tardou a erradicar-se por toda a Europa
- As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão, ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalista da arte renascentista.

Características

- A disposição dos elementos dos quadros sempre formam uma disposição na diagonal;
- Acentuado o contraste claro/escuro, o que intensifica a expressão dos sentimentos;
- A pintura é realista, mas a realidade não é só a vida de reis e rainhas, mas também do povo simples;

Principais Pintores

- Carravaggio (1573-1610)

Procurava seus modelos entre os vendedores, músicos ambulantes, enfim, entre as pessoas do povo.
O que melhor caracteriza sua pintura é o modo revolucionário como ele usa a luz, pois esta não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador. Isso foi tão fundamental na sua obra, que ele é conhecido como fundador do Estilo Luminista.

→ Obras mais significativas:
- A Ceia em Emaús (a direita)
- A Crucificação de São Pedro
- Davi com a Cabeça de Golias

- Tintoretto (1515-1549)

Teve uma produção muito grande pintando, tema religiosos e retratos em um geral. Como principal característica, os corpos das suas figuras são mais expressivos do que seus rostos. “Cristo em Casa de Marta e Maria” (a direita) é sua obra mais significativa.

Escultura Barroca:

- Expressam movimento e recobrem-se de efeitos decorativos;
- Predominam as linhas curvas, dropeado, das vestes e o uso do dourado;
- Os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e muita dramaticidade.

Arquitetura Barroca:

- Os arquitetos deixam de lado a simplicidade e insistem nos efeitos decorativos;
- Preocupação com a beleza da construção;
- Construções esplendorosas, pois a igreja queria “proclamar a sua fé”;
O Barroco Espanhol

O Barroco na Espanha conserva as características do barroco italiano, mas na arquitetura destacou-se principalmente nas portas decoradas em relevo dos edifícios civis e religiosos.

Principais Artistas:

- El Greco (1541-1614)

“Apelido” de Domenikos Theotokopoulos.
Possui uma característica que marca sua pintura: A verticalidade das figuras e a separação do quadro em dois planos, como se dividisse o sonho da realidade.

Principais Obras:
- O enterro do conde Orgaz
- Ressurreição de Cristo (a esquerda)
- Espólio

- Velasquez (1599-1960)

Conhecido como o “Pintor das Cortes”, caracterizou-se em pintar retratos. Usa luz intensamente, estabelecendo um clima intimo para as cenas retratadas.

As Meninas, Conde de Olivares

- Rembrandt (1606-1669)

Usava fielmente o estilo iluminista de Caravaggio. A gradação da claridade e as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensas, dirige a atenção do observador pelos caminhos da tela.

A Lição de Anatomia do Doutor Tulp (abaixo)


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Entrevista: Gustavo Ferro (Pintor)

(Sem título da série Corpos Anômalos)

Por Marci Kühn

Quais são as suas referencias artísticas, o que te inspira?

Quando fiz esta série de pinturas estava vendo muitos desenhos de Gustav klint e Egon Schiele. Muitas vezes coisas esdrúxulas me inspiram, mas não o tempo todo.

Vc tem um estilo próprio, misturando várias técnicas, como surgiu esse estilo? Você acha que ele já está maturado?

No caso das pinturas que serão expostas no Ego Tripping, as imagens são resultado do primeiro contato com a têmpera ovo magra, tinta feita com pigmento em pó, uma porcentagem de água para uma porcentagem de gema de ovo. Aplico esta tinta com pincéis finos ou bico de pena, que é uma ferramenta que me acompanha a algum tempo. Sempre uso bico de pena e extrato de nogueira para fazer desenhos, a característica da linha com este material é meio especifica. Creio que ainda haja muito pano pra manga para eu achar minhas pinturas num estado maturado.


Como vc começou a pintar? Qual a sua formação?

Eu sempre gostei muito de desenhar, muito mais do que pintar, minha pintura é desdobramento do desenho. Aos doze ou treze anos entrei num curso de desenho, foi onde experimentei pela primeira vez pintar em tela com tinta óleo e acrílica, lembro que duas delas eram releituras de pinturas de Clive Barker. Atualmente estudo Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes em São Paulo.

O que você acha de repercussão, mercado e exposição dos novos artistas brasileiros?

Vejo muitas iniciativas independentes de novos artistas em relação ao como e onde mostrar seus trabalhos. Tenho visto bastante exposições em casas, apartamentos, atelieres e é claro na rua. E creio que são nestes espaços onde mais encontramos pessoas interessadas e interessantes. Eu faço parte de um coletivo chamado Beco da Arte composto por artistas plásticos, semestralmente organizamos exposições com o principal intuito de divulgar novos artistas e discutir arte contemporânea.

O que você acha sobre o arte no Brasil?
A arte contemporânea brasileira tem reconhecimento mundial. E as melhores pinturas que vejo por aí estão nos muros, principalmente na cidade de São Paulo.

Quais são seus planos para o futuro com relação a sua carreira?

Pretendo continuar produzindo eventos através do coletivo Beco da Arte. Sempre que possível me inscrevo em salões e concursos de artes visuais e pretendo daqui a alguns anos poder viver do meu oficio de artista.

sábado, 15 de agosto de 2009

Entrevista: Homiepie (Banda)


Por Lucas de Almeida

Nerd? Indie? Twee? Seja o que for, o Homiepie é certamente divertido, seja de escutar, ver ao vivo ou conversar. Mas a diversão é só o começo, já que por trás dela se escondem músicas trabalhadas e com uma estética inovadora que junta elementos diversos da música independente contemporânea. Conversamos um pouco com Flávio Seixlack (voz, guitarra, teclado) sobre as origens da banda e de seus sons.

Conte-nos um pouco sobre a origem da banda e também de onde veio aidéia para o nome.
A ideia para a banda surgiu muitos anos atrás. Eu sempre queria fazer músicas com o Denem, mas a gente sempre enrolava. Eu criava coisas no violão, mas esquecia. Então no meio do ano passado decidi comprar um controlador de midi e um microfone, para me obrigar a criar as músicas e já gravá-las. Foi o que fizemos. Gravamos tudo e o nome da banda e todo o resto veio depois. Queríamos um nome que tivesse alguma ligação com o hip hop (gênero que apreciamos muito) e esbarramos com a palavra "homiepie" pela internet. Além de significar um afro-americano que tem cheiro de torta (?) é também um jeito carinhoso de chamar aquele amigo do bairro que cresceu com você.

Como que é o processo de criação das músicas? Qual é a ética de trabalho da banda?
Eu tenho dificuldade em compor com outras pessoas, infelizmente. É uma coisa que quero mudar, porque eu costumo fazer quase tudo sozinho. Foi assim nos dois EPs. Fazia o corpo da música e a letra. E depois o Denem me ajudava a finalizar a música, com ideias de guitarras e outras coisas, e às vezes com letras. O que eu crio nos teclados depois eu passo pra Bruna, que fica treinando por um tempo até nos juntarmos depois em um estúdio para tocar as músicas. É um pouco bizarro como funcionamos, se você parar pra pensar. Normalmente as bandas ensaiam e vão criando as músicas, mas nós criamos as músicas, gravamos e depois vamos nos reunir os três para ensaiá-las.

Existe alguma preocupação estética pré-definida, ou a estética final éum produto natural do processo de criação?
Não. Nunca nos preocupamos com algum tipo de estética pré-definida e nem tentamos nos limitar dessa forma. A gente deixa fluir, sempre compondo livremente, sem pensar muito. O resultado final é, sem dúvida, um produto natural do processo todo. Mas isso não quer dizer que não nos preocupamos com a estética final. Nos preocupamos sim, e muito.
Para vocês, qual é a relação que a música tem com a arte e vice-versa?
Acho que a relação é muito forte, e muitas vezes não consigo imaginar uma coisa existindo sem a outra. A música fortalece a arte e vice-versa. Gostamos de fazer a capa de nossos EPs, pôsteres, cartazes de show e por aí vai. Sempre que possível estamos envolvidos nesse processo, preocupados para que, esteticamente falando, tudo esteja de acordo com o som do Homiepie.
Além de fazer música, o que vocês fazem para se divertir? Qual é orolê que unifica todos da banda, se é que existe um só?
A gente gosta muito de sair pra comer, principalmente em restaurantes japoneses. Também gostamos de ficar em casa falando besteira, vendo programas toscos na TV ou fazendo maratonas de Mario Kart ou qualquer outro jogo. Não somos baladeiros, então sempre preferimos algo mais sossegado, na casa de alguém.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Entrevista: Sandra Pio (Pintora)

(Virginia - Sandra Pio)


Por Marci Kühn

Esta semana estamos fazendo seguidinhas de entrevistas e matérias com os nossos queridos participantes da nossa expo/balada. Essa vez falamos com Sandra Pio. Seu trabalho é de uma sensibilidade e força imensa. Sim, ela consegue mesclá-los muito bem. Ela conta para o Ego Tripping sua história, sua visão artística e suas preferências.

Iniciando seus estudos ao entrar num curso de formação de professores, Sandra teve acesso a temas ligados a filosofia e sociologia. "Nesta época estruturei a visão de mundo que expresso em meus trabalhos.", diz Pio. Estou então por um tempo Artes Visuais na Belas Artes e foi aí que estabeleceu um contato mais profundo com o que ela chama de grandes mestres da pintura clássica e moderna, "compreendi melhor a produção artística contemporânea"

Em 2008 se formou em design gráfico pela escola Carlos de Campos e pretende no ano que vem concluir seu curso de Artes visuais.

Pio diz que começou a pintar ao rabiscar papéis em busca de expressão, "Conforme fui explorando o meu traço, senti necessidade de experimentar cores e materiais diferentes. Nos traços e nas cores encontrei ferramentas e sensações particulares, formas de descrever meu olhar diante do mundo."

Sandra diz que sempre teve muita vontade de se expressar, transcrever o mundo exterior partindo do mundo que existe dentro de si. "Comecei desenhando com caneta, depois fui explorando outros materiais, nanquim, canetões, tinta de parede, tinta acrílica, desenhos com grampos, giz, ferramentas digitais. Enfim, sempre busquei a expressão através de técnicas, movimentos, pinceladas.".

Nâo pense que ela para por ai, Sandra se acha muito curiosa e acha que tem muito a aprender em seu trabalho, aprender com o mundo para acrescentar em sua arte. "Penso que estou em um eterno processo de construção", diz Sandra.
Mas suas influencias mais importantes são filmes, quadros expressionistas e surrealistas, literatura marginal, além da linguagem dos quadrinhos, algo que está presente em seus trabalhos.

Falando se repercussão, de mercado e a arte brasileira, Sandra diz que historicamente o Brasil é marcado por uma expressão artística de repercussão internacional, desde a literatura do séc. XIX até o grafite de hoje, no entanto, o incentivo às artes nunca acompanhou o ritmo de sua produção. "Atualmente vemos surgir inúmeras bolsas de fomento a criação e exposição de artes – tanto públicas quanto privadas - que facilitam o ingresso dos novos artistas no mercado. Além disso, há vários sites de relacionamento favorecendo o intercâmbio de experiências e contribuindo para a diversidade de olhares.", diz Sandra.

Quanto ao design aqui na terrinha ela diz que a produção é muito criativa e acha que o Brasil não fica atrás em relação ao design " o Brasil acompanha países que se destacam no setor devido à qualidade de nossos profissionais". Ela também acha que é um mercado crescente que necessita cada vez mais de profissionais qualificados.

Falamos também de planos futuros e o futuro de sua carreira como artista. Sandra acha que é importante estar sempre em contato com a arte e os artistas. "fazê-la é algo que me completa." Ela diz que atualmente está envolvida com trabalhos de arte na rua, duas histórias em quadrinhos e desenvolvendo projetos para participação em salões de Arte. "Pretendo continuar estudando e me aprimorando como artista."

Para saber mais confira:

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Entrevista: Ronaldo Honda (Fotografo)


(O demônio - Ronaldo Honda)

Seria ousadia não dizer que na arte da fotografia Ronaldo Honda é um gênio. As luzes, o momento, a meticulosidade das técnicas, as idéias. Acho que posso dizer que ele ousa o clássico sem cair na contempoaneidade vazia. Existem artistas que se contentam com o que sabe, mas ele vai além em tudo que pode, ousa, aprende e nos entretem com suas fotos que são no mínimo lindas.
Este grande fotógrafo estará se apresentando no Ego Tripping no dia 15 de agosto no Espaço Impróprio, na rua Dona Antonia de Queiroz, 40.
Ele nos fez a gentileza de conceder uma entrevista e aqui vai.

Quais são as suas referencias artísticas, o que te inspira?
Artistas como Rembrandt, Jan van Eyck, Ansel Adams, Yasumasa Morimura, Cindy Sherman, Kazuo Ono, entre outros. Nos três últimos exemplos a forma da auto representação muito forte é exposta nas suas fotos e me inspirou muito para alguns projetos realizados ao longo desses últimos 4 anos.

Qual o seu objetivo ao fazer fotografias artísticas?
Quando penso em um projeto e me preparo para tirar as fotos, procuro transformar aquela imagem muito forte visualmente e interessante e que consiga de alguma forma mexer com o imaginário do observador.

Como foi a sua formação de fotógrafo?
Desde novo sempre gostei de ficar mexendo e brincando com uma câmera fotográfica reflex nas mãos, mas na parte da teoria não sabia muita coisa, e na hora de fazer o vestibular, surgiu uma grande oportunidade, após eu descobrir que havia apenas uma faculdade de fotografia, e que era considerada uma das melhores na America Latina. E ao passar dos anos, comecei a olhar de outra forma essa área da Arte, e aprendi muita coisa que não imaginava no inicio da faculdade ser tão necessário para se tornar um bom fotografo. A minha formação é Fotógrafo.


O que você acha de repercussão, mercado e exposição dos novos
artistas brasileiros?
Nos dias atuais a repercussão e exposição de novos artistas na área de fotografia esta crescendo muito, pois todo ano o aumento de concursos fotográficos faz com que novos artistas tenham mais oportunidades de se mostrar ao mundo e suas maravilhosas obras, e se no caso de conseguirem ser o primeiro colocado têm a oportunidade de fazer uma grande exposição que pode percorrer por diversas cidades e algumas vezes com oportunidades de se mostrar em outros países. Agora o mercado de trabalho na minha opinião, esta muito difícil, pois é muito mal aceito em algumas áreas pelos "companheiros" mais antigos na profissão, ou em muitos dos casos não recebem o verdadeiro crédito por seu trabalho.

O que você acha sobre a fotografia no Brasil?
A fotografia no Brasil, no inicio possuía uma divisão entre fotodocumental e foto artística, gerou muitas discussões durantes anos. A fotografia como documento opõe-se à idéia de fotografia como ramo das belas-artes. As intervenções no registro fotográfico por meio de técnicas pictóricas foram amplamente realizadas numa tentativa de adaptar o meio às concepções clássicas de arte, que ficou conhecido como fotopictorialismo. E após diversas mudanças durante os anos da existência da fotografia, essa divisão continua até os dias de hoje, porém com menos força, o fotojornalismo ainda é uma forma de documentação do acontecimentos diários, e também existem alguns artistas que preferem continuar as experimentações com técnicas mais antigas, mas ambos na minha opinião são considerados artistas, podemos encontrar em diversos museus e galeria de arte, os dois estilos de técnicas expostas.

Quais são seus planos para o futuro com relação a sua carreira?
Recentemente formado em fotografia, estou com alguns projetos com amigos de formar uma equipe de fotógrafos para eventos, e também estou em processo de experimentação com áreas um pouco desconhecido para mim, que é a fotografia de cinema, visando alguns cursos este ano. Mas o importante é continuar conseguindo contatos com pessoas do meio artístico e conseguir trabalhar dentro dessa área que me deixa muito feliz.


Se quiser mais um gostinho entre em:




quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Coluna Semanal: Listinhas Marcianas


por Marci Kühn


Depois de um hiato de uma semana, eis-me aqui novamente.
Quero começar dizendo que esta listinha da semana será sobre o afamado, o maligno, l'amour!
O tema desta semana se entitula "Os melhores romances".
Em primeiro lugar está o Auto de Fé do Canetti. É lógico que existe um amor alí, um amor quase devastador e não é com a moça da saia, mas de Kien com seus livros. Um caso tão poderoso que em um episodio ele se esconde em uma livraria para passar as noites com seus livros e até os leva para passear em uma pasta. Ele faz loucuras para salvá-los do fogo entre outras coisas.
Não dá para deixar de lado O Retrato de Dorian Gray de Wilde, um homem que se ama tanto que dispensa sua alma para se preservar lindo como um quadro. Isso que é se amar. Outro amor que me recordo é o de dona Bibiana e o Capitão Rodrigo. Em Santa fé, no livro de Erico Verissímo o Continete, um forasteiro com um jeito estranho para os moradores se apaixona por Bibiana. Acabam ficando juntos, mas a um preço que só uma mulher que ama muito aguentaria e mesmo depois de morto Bibiana vê em seu filho e neto a figura de seu tão amado capitão. Não posso esqueçer do amor de Maga e Oliveira em o Jogo da Amarelinha de Julio Cortazar. Ele a ama tanto que dá graças que o filho dela Rocamandour morre e podem ficar a sós, ama-a tanto que quando está de volta em seu país de origem vê seu rosto em todos os cantos. Ama-a tanto que a depreza. Amor, quem entende disso?
O protagostista de Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios de Marçal Aquino entende, pois aceita viver numa cidade horrível no norte do Brasil e aceita todas as fases de sua amada e até o fato de ser casada. Aceita ser espancado e também aceita que ela morra.
É isso pessoal, o amor é tragico, só que é mais trágico é viver sem ele.
Até a próxima semana!


terça-feira, 28 de julho de 2009

Coluna Semanal: Playlist da Semana


Playlist da Semana

por Mateus Perito


Mais uma segunda-feira chegou e o frio ainda domina São Paulo, digitar a coluna está sendo um inferno, meus dedos congelam, assim sendo minhas indicações para essa semana são quentes, para que quem sabe o frio possa pelo menos ir embora de nossos cérebros, porque o corpo não tem como salvar. Então para maldita segunda-feira ficamos com “Pretty Face is Going to Hell” do “Iggy and The Stooges”, melhor musica do clássico Raw Power, apesar de ter um dos maiores clichês (sem criticas) do Stooges e todo mundo dizendo que “Search and Destroy” é que é a melhor, eu discordo “Pretty Face is Going to Hell” esquenta qualquer pessoa. Confira Aqui!
Para a terça-feira continuarei com frio e ainda teremos que sair de casa nesse frio então continuamos esquentando com “The Name of Things” do Andrew Bird, excelente música de um dos caras mais produtivo dos Estados Unidos, quase um disco por ano e todos ótimos discos, diferente do que alguns devem estar pensando.
Quarta-feira meio da semana será que o frio já vai ter ido embora? Provavelmente não então para um dos piores dias da semana vamos para o fundo do poço e ouvir algo bem frio como “Hymn of The Big Wheel” do “Massive Attack”. Os reverbs exagerados da música fazem você ficar pensando que está sozinho em um Anfiteatro e tem um maluco cantando em algum lugar. Ao contrário de Andrew Bird, o Massive Attack grava poucos discos, já esperamos por uma nova perola deles há uns cinco anos mais ou menos, mas ouvi boatos de que eles estão no estúdio gravando um novo disco, o que esperar? Não sei, mas deve ser bom, eles não perdem a mão. Confira Aqui!
Quinta-feira com esse frio as esperanças são cada vez mais baixas, então para curar esse marasmo ouça o som quente do The Bens, dê atenção a “Just Pretend”, um country cantado com três vozes que mostram que se você não agüenta mais esse frio é melhor você ouvir o EP inteiro deles. O The Bens é um projeto de três caras muito conhecidos e importantes do cenário indie americano, Ben Kweller, Ben Lee e Ben Folds, eles lançaram apenas um EP com quatro músicas em uma tiragem mínima, eu garanti o meu, mas está ficando cada vez mais difícil para os amantes das bolachinhas achar esse disco. Veja a versão ao vivo aqui!
Para a sexta-feira o frio não importa mais. Afinal é sexta! A semana foi uma bosta, então dane-se o frio, saia mesmo assim e ouça “Charming Man” dos Smiths é uma indicação fácil porque afinal em qualquer balada da Paulista que você for você for acabará ouvindo essa música. Veja Aqui a Versão Ao VivoPara o sábado ouça um clássico vá até a coleção de CDs da sua mãe e procure pelo Elton John veja se em um dos discos que você achar (duvido que sua mãe só tenha um do Elton John) tem a musica “Tiny Dancer”. Veja Aqui a Versão Ao Vivo
Saiba que sua mãe não gosta só de porcaria e essa música é boa demais. Agora para o seu domingo se ainda estiver frio ouça Sá Marina do Wilson Simonal, para você lembrar que você ainda está no Brasil e que aqui é um país tropical e a tendência é uma hora ou outra o frio ir embora. Até semana que vem, e boa sorte com o frio.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Coluna Semanal: Listinhas Marcianas

Listinhas Marcianas


por Marci Kühn

Desde que vi alta fidelidade fiquei absolutamente viciada em listas. Listas de músicas, de músicos, de atores, de filmes, diretores, livros, contos, livros de contos, enfim, tudo quanto é lista eu faço. Tornou-se uma obsessão e depois um hábito, hoje vejo como um velho amigo que me acompanha, me preenche e diverte. Eu e meus amigos freqüentemente fazemos listas, ficamos horas discutindo, criticando as listas do outros ou concordando com o “au concour”. Pensei, por que não instruir e dividir com os outros minhas elucubrações e experiências artísticas? Não que seja muitas, mas têm seu valor.
Então, senhoras e senhores apresento-vos a minha coluna semanal que chamo carinhosamente de “Listinhas Marcianas”. Essa semana começo com “Os 5 livros de aventura que eu gostaria de participar”. Ah! Um detalhe sobre minhas listas é que não faço por ordem de melhor para pior. Não gosto de avaliar importância entre tantos livros bons. Dito isso... aí vai.
Começo com o inigualável Dom Quixote de La Mancha, um homem que fica tão enfeitiçado pelas aventuras, valores morais e romances que lê nos livros antigos e que decide então fazer sua própria aventura. Lógico que ele também é um louco, quem sabe, e totalmente anacrônico, esperando do mundo uma coisa que ele não pode oferecer. Existe muito nesse livro que levaria tempos para se analisar e compreender, mas que as aventuras são deliciosas e engraçadíssimas, isso são. E por isso é um livro muito bom de ler.
Depois elegi o Serafim Ponte grande, do Oswald de Andrade, “o carro plecpleca na rua”, como segundo da lista, é um livro simplesmente genial. Só o fato do Serafim passar por todos os ramos literário, de poesia até teatro, incluindo diário, epistolas, prosa e etc., já é uma aventura por si só, mas esse rapaz além disso bota pra quebrar, seja em terra ou em navio!
Em terceiro lugar vem um livro pouco citado, mas de extrema importância do Rabelais, Gargantua e Pantagruel, que na verdade são cinco livros que se completam em uma história. O primeiro é sobre o Gargantua ( Que garganta a tua!) e os outros quatro são sobre o Pantagruel, seu filho. Esses dois são gigantes comilões, são também Reis e bem instruídos e andam por aí salvando o dia com a cultura dos livros. Pantagruel se safa de umas boas de formas riquíssimas. Dá vontade até de ver de perto!
Quarto lugar na lista coloco o inesquecível As aventuras de Huckberry Finn do gênio Mark Twain, que por sinal, acho que nunca li um só livro ruim deste homem, ele tinha ótimosinsights”. Huck que acompanhou as aventuras do Tom Sawyer, agora enfrenta as suas próprias aventuras e problemas sozinho, bem sozinho não, ele e o Jim, um negro e escravo que ele ajuda a escapar. Os dois viajam de jangada Misissipi abaixo procurando um estado livre da escravidão. O que eu não daria para sentar à luz da lua ouvindo histórias e fumando um cigarro com o Huck.
Por último cito a clássica Odisséia do clássico Homero. Realmente antes de ler esse livro já o considerava chato, na época a lógica “coisas velhas são chatas” fazia todo o sentindo. Depois de lê-lo muitas coisas se encaixaram e o Odisseu ou Ulisses passou a ser uma figura tão esperta e vivaz que eu queria mesmo era ser ele. No fim da guerra (que é narrada na Ilíada) Ulisses quer voltar para casa, mas as intempéries o impedem e ele se mete em muitos problemas, e essa viagem de volta para casa acaba se enriquecendo mais e mais e a vontade de voltar para os seus e poder contá-la nos inflama também, ficamos quase tão ansiosos para voltar para casa quanto o Ulisses. Este é um livro que todos deveriam ler, definitivamente.
Bom, minha lista está pronta e quem sabe ela o faça subir naquela escada e abrir um destes empoeirados livros!
Até semana que vem.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Coluna Semanal: Playlist da Semana


Playlist da Semana



por Mateus Perito

Quem diria que eu estaria aqui de novo, quem me conhece diria “Ah! Ele vai desencanar de escrever toda semana”. Não! Ganhei deles, são já duas semanas seguidas e estou de parabéns.
Mantendo fidelidade ao ideal dessa coluna cá estou eu novamente para indicar a Playlist da Semana. Estou escrevendo a coluna nessa segunda-feira, está um puta frio lá fora, uma garoa de gelar os ossos e pra curar esse clima deprê estou ouvindo “The Bus Stop” do “Homiepie”, banda brasileira muito boa e inclusive tive o prazer de tocar com eles nesse sábado que passou. E fecharam a apresentação com “The Bus Stop”, o que foi incrível e apoteótico, e também fez o povo de Limeira bater palminha. O “Homipie” disponibilizou recentemente seu novo EP chamado “Is A Wiener, Dufus, Poindexter, Peanut, Dude, Bro, Homey, Rapmaster and Funklord” atenção para esse EP, nele eles estão muito mais maduros sonoramente que no seu EP anterior “Fireworks”, escute bem as faixas “Snowy Underwater” e “MVP”, que fazem você pensar que a melancolia não é tão inoportuna assim. A quem interessar no dia 15 de agosto em nossa festa, o Ego Tripping, eles serão uma das atrações e para quem acha que é babação de ovo, vale à pena conferir para ver como a banda é realmente boa. My Space do Homiepie
Já para a terça-feira eu indico “Eye Know” do “De La Soul” do seu disco clássico “3 Feet High and Rising” lançado em 89. Se você acha que RAP é um estilo morto que não dá em nada ouça o “De La Soul” e sua idéia irá mudar. Agora, se me perguntarem “por que na terça eu deveria ouvir De La Soul?” eu responderei o seguinte “não há razão alguma, é o que eu vou ouvir na terça!”.
Para a quarta-feira, naquela pressão, você ainda tem um monte de coisas para fazer, então vamos ficar logo malucos ouvindo “Winters Love” do “Animal Collective” do álbum “Sung Tongs”.Confira aqui uma versão "animal collective" pelo Animal Collective Para quem não sabe recentemente caiu na rede uma musica nova do AC chamada “Bleed”. Esta música foi feita em alguns poucos dias, eles afirmam que a fizeram porque queriam uma música nova para apresentar em sua nova turnê, a versão ainda é bem crua, mas a gravação que fizeram de um de seus ao vivo é bem, boa confiram! Bleed ao Vivo!
Quinta-feira já tem balada pra fazer então divirta-se. Saia e aproveite porque as férias estão acabando e a cidade não vai estar tão vazia assim por muito mais tempo. Prepare-se para a balada ao som de “Golden Age” do “TV On The Radio”, você vai entender o porquê, eles com certeza são uma das melhores bandas dos anos 2000. Veja Aqui o Clipe!
A sexta-feira chegou então é hora de comemorar com seus amigos que te esperam no bar, enquanto você se arruma ou caminha para encontrá-los ouça “Dirty Hands” do “Black Lips”, porque afinal hoje você vai acabar fazendo muita merda. Ouça aqui a versão de estúdio
Para o sábado saia para assistir um bom show das bandas independentes de São Paulo. São boas. Ouça alguma delas e seu sábado vai ter valido a pena. E para fechar sua semana seria uma boa algo animado porque ainda há esperança e você só vai precisar esperar mais cinco dias para o fim de semana. Ainda há uma luz no fim do túnel. Para garantir que a depressão não te mate ouça “Shady Lane” do “Pavement”, um clássico do alternativo americano, não preciso dizer muito mais do Pavement. Eles são foda e todos sabem disso. Fico por aqui, garanto que todas as músicas são boas. Divirtam-se ouvindo todas elas, mas não vale trapacear. Cada um delas é para cada dia da semana, não vale ouvir tudo num dia só.Confira aqui o Clipe dirigido por Spike Jonze

Conto: No Mar

No Mar


(William Bougereau - A Onda de 1896)



Lá fundo do mar eu olhava a praia, olhava os passantes, as crianças brincando com a areia, as moças e seus guarda-sóis. Gostava de estar lá, no meio do nada, só eu e o impulso da água, coisa que me pergunto há tempos, de onde vem a força do mar. Já me explicaram, mas não acredito, tudo balela. Deve ter um dedo, um dedo bem grande empurrando para lá e para cá, para lá e para cá as água do mar. Eu estava lá, ninguém tinha ciência na minha existência nestes poucos instantes, e eu tinha ciência de todos que estava ali. Um barco passou puxando uma prancha com um garoto em cima, ele parecia estar se divertindo, eu sorri. Gosto de ver diversão, gosto disso. Resolvi boiar então, e ficar olhando as aves no céu, contanto nuvens. Mexia os braços para cima e para baixo, acariciando minha pele com o suave contato que a água gelada fazia, como se fosse o toque gentil de uma mãe carinhosa, algo que me faltou. Que diabos! Que me falta até hoje. Sinto uma desolação de tempos em tempos, um nó dentro de mim, ter de voltar para minha casa fria, dura, meus lençóis ásperos e a televisão inóspita, aqui eu me sinto melhor. A água me acalma, ela me dá uma paz que não posso ter. Penso nisso por algum tempo enquanto bóio e a água entra em meus ouvidos, e em minha boca. Torno a olhar a orla, ela é circular e apareceram mais pessoas, parece que não cabem todos neste pequeno espaço de terra. Eles se entulham, ainda bem que não estou lá. Mergulho, o máximo que posso, tento encostar os dedos no fundo, não consigo, tento novamente, desta vez tenho um punhado de terra em minhas mãos. Jogo a em meu rosto, é como se eu tivesse poeira lunar em minha mão e em meu rosto. E sinto a mistura, o toque gentil da água, minha mãe, e o toque áspero da areia, minha amante. Interessante, minha mãe é água e a terra é minha amante. Quando quero prazer piso no chão e faço o que tenho de fazer para consegui-lo, mas quando quero amor, relaxamento, carinho entro na água e ela me dá a paz e o alivio que a terra compôs.
Gostaria de voltar para a terra agora, mas acho que estou longe demais, também estou fraco demais para agüentá-la, ou para que ela me agüente, todo meu peso em cima dela, minhas reclamações e eventualmente algumas lágrimas, a água, para me consolar um pouco. Acho que não voltarei, me deixarei ser consumido pelo mar. Afasto-me mais e mais, as braçadas começam a ficar mais e mais pesadas e tusso a água que entra em meus pulmões pesados, bóio e olho a orla, as pessoas ainda estão se ignorando neste convívio comum. Por que então saem de casa? Minha perna, a câimbra, uma dor horrível, me afogo.
Ninguém percebe. Eu olho sentado na areia, ainda posso sentir o que ele sente, a câimbra, o carinho da agua, ele esta tendo uma morte agradável, no lugar que ele gosta. Não o conheço, mas sei que ele era infeliz, estará em paz lá no fundo do mar, a água que nos acalma tanto, ela o puxa para si, após todo esse longo tempo de distancia entre si, ela quer seu filho de volta. Alguém grita, e um salva-vidas pula no mar para salvá-lo. Alguém, não sei quem, me cutuca apontando e dizendo que eu estava vendo tudo e não falei nada, que estava deixando o pobre coitado morrer no alto mar, mas eu sei o que ele quer, eu sei o que ele estava pensando. E eu respondo.
- Não sou nada mais do que o voyeur de um voyeur.


Marci Kühn 13 de junho de 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Coluna Semanal: Playlist da Semana


Playlist da Semana


por Mateus Perito

Abrimos a semana e estreiamos a Playlist, toda semana na segunda feira estarei passando a minha indicação para você que não vem se dando muito bem com a música ou quer uma dice de um expert (neste caso você está no lugar errado).
A maldita segunda-feira chegou e o mal humor está nas alturas, então nada melhor do que ouvir “Move On Up” do “Curtis Mayfield” Veja aqui a versão ao vivo, para sacudir o esqueleto e colocar as branquelas para dançar. Curtis lançou três discos excelentes (Curtis, Root e Super Fly) o verdadeiro rei do soul Marvin Gaye fica no chinelo.
Para a terça-feira, o famoso dia do marasmo, nada melhor do que “Operation” do “Deerhunter”, um monte de paredes de som regadas com uma voz doce e marinadas com uma bateria que deixa você pensando “como esse F#%@ faz isso?”. Para quem não sabe recentemente o “Deerhunter” lançou o álbum “Microcastle”, mas como o disco havia vazado há uns 4 meses o disco foi lançado com outro disco de extras o “Weird Era Count”, “Operation” se encontra nele. Veja aqui a versão ao vivo
Quarta-feira a semana já encheu o saco e o fim de semana ainda está longe então nada melhor do que desencanar e viajar um pouco, para isso recomendo uma pílula chamada “Higher Than The Sun” produzida pelo “Primal Scream”, psicodelia absolutamente chapada. Veja aqui a versão ao vivo
Quita-feira, você está pensando “ta chegando!” para você não pirar recomendo uma música tranqüila porém bonita e animada, difícil? Nem tanto, aí está “Bom senso” de “Tim Maia”, do seu disco mais maluco “Racional”, baseado na cultural religiosa Racional que dizia uma penca de coisas malucas, coisa de Tim Maia. Veja aqui o clipe
A sexta-feira chegou, viva! Para sua sexta eu recomendo “Wake Up” do “Arcade Fire”, o ar melodramático e feliz expressa bem o que você está sentindo. Veja Aqui
Agora para o sabadão nada melhor do que Beatles, a melhor banda do mundo para o melhor dia da semana, nesse caso ficamos com “Hapiness is a Warm Gun” do lendário “Álbum Branco”, divirta-se Veja Aqui. E para fechar a rebordosa do domingo naquele puta tritezão “Place To Be” do depressivo “Nick Drake”, presta atenção na letra que você acaba se entendendo. Veja Aqui

É isso aí, boa semana para todos!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Festa Cultural

No mês de agosto (estréia) e nos meses seguintes estaremos fazendo um FESTA em São Paulo que terá foco nas artes.

Os artistas plásticos, escultores, escritores, contistas, poetas e músicos estarão na FESTA divulgando sua arte e vendendo-a se quiserem. Montaremos uma mesa com livros de novos escritores, exposição de esculturas e pinturas e fotografias. Para dar mais destaque, serão expostos 2 artistas de cada gênero. Para nós o importante é juntar todos os artistas para um dialogo e dá-los espaço para mostrar suas obras. Cada artista ficará perto de sua obra explicando-a, interagindo com os observadores e vendendo também, por que não?
Será uma festa divertida por que teremos apresentação de duas bandas, mais djs já conhecidos pelo publico do alternativo.

Aguardem a divulgação dos artistas que partiparão da primeira edição, dia 15 de agosto em Agosto no Espaço Impróprio, em São Paulo.

Para maiores informações mande um e-mail para contato@egotripping.co.cc